Assisti ontem ao documentário ‘’Por que a beleza importa?’’ (Why Beauty Matters?) dirigido pelo filósofo inglês Roger Scruton, veiculado pela BBC. E almejo compartilhar aqui algumas reflexões que nutri consoante o meu desenvolvimento particular.
Confesso que já refleti sobre o papel da beleza na arte, principalmente na música contemporânea, porém, não imaginava que existisse tantos estudos e reflexões de filósofos sobre o tema.
Talvez, muitas pessoas já refletiram sobre a música contemporânea e não compartilham suas observações, por temerem a rejeição.
Por muito tempo carreguei em minha vida tal reflexão. Na minha infância e adolescência, ao aprender uma música clássica no piano – algo que demorava meses para aprender – ao tocá-la em público, as pessoas não davam valor, não achavam aquilo belo.
Obviamente que algumas pessoas entendiam o valor, mas era raro. Fui entender tal distorção de pensamento cultural apenas quando morei nos Estados Unidos, onde eu era aplaudido por colegas, professores, etc. no refeitório da escola, ao tocar músicas clássicas no piano; o mesmo ocorria ao tocar músicas populares – o que era discrepante com o que eu havia presenciado no Brasil – desconsiderando a minha família.
A cultura brasileira tem aversão ao que é belo. Se Roger Scruton morasse um tempo no Brasil, concluiria que poderia usar como exemplo para seu documentário, qualquer coisa ligada à arte. O brasileiro inverteu o sentido das palavras. Aqui, o belo é feio e o feio é belo.
Roger Scruton diz que o belo está ligado à essência humana, e se perdermos esta essência, perderemos o sentido da vida. Tal reflexão, ajuda-nos, quiçá, a compreender a decadência do Brasil.
Na obra ‘’A República’’, Platão, diz que a música possui um papel fundamental de formação no caráter de uma pessoa. Segundo o autor, a música tem a capacidade de revolucionar ou conquistar uma cidade.
Deveríamos então ouvir uma música do mesmo modo que assistimos um filme ou lemos um livro? Estamos ouvindo a música para distração, relaxamento, etc. e perdemos o ato de ouvir uma música? Platão está correto?
Não tenho respostas, caro leitor. Deixo-as com você.

Marcelão muito bom texto. Permita-me fazer alguma divagação. O belo é coisa para mim sobremaneira subjetiva (embora reconheça que por haver gostos tão semelhantes entre as pessoas a beleza se revela, em muitos casos, muito mais como sendo objetiva), isto é, depende sobretudo das aspirações e condição subjetiva do observador, sobretudo, das suas emoções e aspirações mais internas, a influência do meio cultural a que está inserido, e da sua biologia (impossível negar!), dentre outros multifatores.
Não nego, no entanto, que algumas obras de artes refletem coisas banais (sem deixar de representar alguma emoção interior humana, sem o qual não seria arte), outras refletem coisas muito mais complexas, grandiosas e questões existenciais do ser humano.
Por fim, eu particularmente enxergo muito mais grandiosidade nas músicas clássica, mas não nego aspectos artísticos (menos complexas) em outras tipos de cultura como o “funk”.
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